Reconstrução

Eu diria, Stay In!

Restaurando a vida, Stay In!

Lembro-me de como na infância fazia planos, de como gostaria que fosse a minha vida adulta. Passava horas a folhear revistas imaginando, a cada imagem que via, construindo, um futuro de como eu sonhava que fosse. Nada do que tanto imaginei se concretizou. Talvez esteja a ser injusta com a vida, ou até, um pouco exigente em relação aos desejos… talvez. Mas, comecemos por partes. Começarei por elaborar uma lista das fases, que normalmente, nos devemos, ou nos ensinam, que assim, por esta ordem, nos devemos basear para dar inicio e organizar, a nossa vida.

  1. Nascer;

  2. Crescer;

  3. Estudar;

  4. Independência;

  5. Casar;

  6. Filhos;

  7. Netos;

  8. Envelhecer;

  9. Morrer…

Bom, claro que esta ordem de estrutura e planeamento, está básica demais, ou talvez até, restrita e pouco criativa, mas na verdade, é nisto que o ser humano responsável pela nossa educação, se baseia para nos preparar para a vida e nos deixar depois de morrer. Desta forma, iremos passar o mesmo para os nossos descendentes e por aí fora. E assim continua…

Será assim para todos? Será assim para ti?

Acontece que, nem sempre assim se passa, não exatamente por esta ordem, nem com esta forma organizada e estipulada pela maioria. Existem aqueles, que são mais criativos, que fogem à regra, que têm inclusivamente, dificuldade com as delimitações, no que se refere a delinear limites e em se manter na linha.

Poderei inserir-me, ou até, poderei catalogar-me nestes últimos que me refiro em parágrafo anterior. Digamos que, sou criativa, gosto de fazer as coisas à minha maneira e este conceito delinear arrepia-me a espinha.

Talvez fosse interessante, nesta altura em que vos escrevo, fazer uma lista de como construí a minha vida desde berço até aqui:

  1. Nascer;

  2. Crescer aos trambolhões;

  3. Estudar pouco;

  4. Casar mal;

  5. Filhos;

  6. Divorciar;

  7. Estudar;

  8. Casar assim assim;

  9. Filhos;

  10. Estudar;

  11. Separar;

  12. Sem independência;

  13. Estudar;

  14. Restaurar…

Está mais ou menos parecida com a lista eleita, aquela que escrevi em cima! Assim tem sido.

E agora?

Nota:

- É Obrigatório Ser Feliz!

“What Else?”

Agora que tomo consciência disso, tudo se torna mais fácil, supostamente, ou não. É que a partir do momento em que nos consciencializamos de que tudo à nossa volta se transforma consoante aquilo que atraímos e estruturamos para nós, que nos esforçamos para atingir e prosperar, de acordo com a nossa dedicação e esforços, que tudo depende de nós, na verdade tudo se torna mais claro, embora se torne também, mais trabalhoso e nem sempre a responsabilidade de tomar as rédeas do nosso próprio destino, nos facilita o percurso da vida. Mas não tenho dúvidas, que quando nos propomos a percorre-lo, aprendemos a ser nós próprios, aprendemos a saber escolher melhor, aprendemos a ser felizes independentemente das circunstancias em que nos encontramos. Podiam ter dito logo que assim se passa, que assim é. Mas não, tentaram passar a ideia de que tudo é muito simples e se passa de acordo com uma convencionalidade que nos é imposta, que se assim te comportares, irás infalivelmente, viver de forma aceitável aos olhos de todos, evitando assim, de sermos excluídos da tribo. Sim, porque esta coisa ancestral de um viver tribal, ainda se nos persegue, ainda se nos está enraizado no ser. Mim ser importante e útil na tribo. Mim ser o melhor, o bom, o perfeito, o melhor caçador, a melhor colectora de água e lenha da tribo, a mulher perfeita que todos querem despojar. Mim ter um comportamento exemplar para a tribo e para os meus descendentes…Mim rebentar com esta porra toda, porque com tanta exigência, baseada numa perfeição que ninguém tem, deu-me cabo da cabeça e no HULK me tornei. Foda-se! Que se lixe.

Desculpem a expressãozinha.

Retomando a decência, vamos lá! Aqui estou, chegando à conclusãozinha, que estamos todos fodidos, mas ainda assim, podemos transformar a puta da sorte.

E como fazemos isso?

Fazemos bem, recomeçamos, desta vez sem medo de não agradar, desta vez com coragem, determinação, perseverança, dedicação a nós mesmos e aquilo que nos apaixona, sendo fiéis ao nosso ser, abraçando todas as imperfeições que trazemos connosco, determinando que assim, tomarei o domínio deste plano que eu mesma estruturei para mim, antes até de nascer.

Sim, antes até de nascer. Tudo é planeado por nós, tudo é evolução eterna e colectiva, começa em nós e a partir daí, tudo se transforma, tudo evoluí.

Tomando como principio as leis do Universo, de como tudo o que existe se movimenta sincronizadamente e em uníssono. Somos perfeitos, tal qual como somos e estamos, fazendo parte de uma orquestra afinada, estabelecendo a paz e a união. Somos Um.

É muito simples na verdade. Temos simplesmente de ser nós próprios, tocando o nosso instrumento de forma afinada, fazendo parte, de forma criativa, deste concerto liderado pelo grande Mestre, o Universo.

O mais difícil, não diria difícil, mas trabalhoso, será mesmo, sabermos quem somos. Eu vejo assim:

Desconstrução/Reconstrução

Desconstrução, porque teremos de desconstruir tudo o que nos foi imposto durante o nosso crescimento e aprendizagem. Isso faz com que nos iremos despir de preconceitos gerados de forma automatizada pelos nossos familiares, amigos e meio envolvente em que crescemos, por sua vez, eles mesmos gerados, quer pela cultura, quer pelos costumes do povo que nos rodeia. Por isso, desconstrução, é tão, ou até mais importante e significativa, que a própria reconstrução.

Reconstrução, porque ela é absolutamente necessária afim de nos reerguermos passando a fazer parte de uma realidade mais feliz e construtiva, participativa e útil, neste concerto universal ao qual fazemos parte e que sem o nosso verdadeiro saber, participação livre e activa, não será possível evoluir e transformar, não só a mim mesmo, como transformar o mundo em meu redor.

Relembro-me agora de um livro que li faz alguns anos, "Pais à Maneira Dinamarquesa” de Jessica Joelle Alexander e Iben Dissing Sandahal que fala sobre como se construiu uma sociedade equilibrada e feliz, como se vive actualmente na Dinamarca, e o quanto a preocupação com a educação se tornou factor fundamental para que toda uma sociedade se transforme.

“A filosofia dinamarquesa por detrás da sua prática parental e a forma como educam as crianças obtém resultados notavelmente poderosos: crianças resistentes, emocionalmente seguras e felizes que se transformam em adultos resistentes, emocionalmente seguros e felizes, e depois repetem este poderoso estilo de parentalidade com os próprios filhos. O legado repete-se e obtemos uma sociedade que lidera os tops de felicidade durante mais de quarenta anos seguidos.”


Penso que aqui vale a pena sublinhar “…depois repetem este poderoso estilo de parentalidade com os próprios filhos. O legado repete-se…”

Ou seja, uma determinada forma de viver, vai sendo passada de geração em geração, tornando-se uma espécie de circulo vicioso, até que vem alguém romper com este dito padrão.

Tudo isto pode ser bom, como acabou por acontecer com os dinamarqueses, mas também pode ser mau, como creio que se passe com os portugueses. E agora ? Como romper com este comportamento desajustado e infeliz que se gerou no nosso povo?

Descontrução/Reconstrução, baseando-nos apenas no que nos convém, sim, porque existem bases bem mais estruturantes, que acredito, existentes na cultura e costumes de como educar à portuguesa!

Como por exemplo, aquilo que aprendemos dos nossos avós. Se avaliarmos bem, quem nos passou os verdadeiros valores? Nos ensinando com amor e contando histórias e canções de embalar, e que ao fazê-lo, nos preparava para a vida difícil que teríamos de corajosamente enfrentar? Quem nos ensinou a poupar, a organizar as nossas finanças, a preocupar em participar activamente na política do nosso país? Comigo foi sem duvida alguma, a minha avó. Sim, porque se fosse com os meus pais, (pais pós 25 de Abril), neste momento estaria como se encontra o nosso querido Portugal, à beira da bancarrota.

Como as coisas estão, o melhor será mesmo munirmo-nos de coragem, rezar e seja o que Deus quiser!

Aqui não está em questão se o nosso país é melhor ou pior que a Dinamarca, ou que outros países da Europa, pois na verdade, todos têm coisas boas e más. Será absolutamente necessário, começarmos-nos a preocupar em aprender com aqueles que já evoluíram em determinado campo da sociedade e que lhes correu bem. Então é simples, vamos aprender com eles e transformar! Adaptando à nossa cultura uma forma de educar mais humana e feliz. Não temos de copiar ou trazer costumes que não são nossos, não é isso a que me refiro. Devemos aprender e adaptar, isto sim. Em nenhuma situação nos devemos esquecer da nossa cultura, por isso, devemos ir buscar os ensinamentos dos nossos avós e antepassados, mas adaptando-os a uma nova era, a um novo começo, para que desta forma, possamos escrever um futuro melhor, equilibrado e feliz. De preferencia com educação, segurança e saúde para todos. Estes são os três pilares que sustentam uma sociedade equilibrada.

E por onde começar? Precisamente no ponto exato em que estamos agora. Porque não há outro ponto de partida que não seja o teu, agora!

Analisa a tua situação, o que pretendes, o que precisas transformar, começa por desconstruir padrões. Só a palavra me arrepia, “padrões” que porra é essa?! Quem inventou este conceito de padrões humanos? Eu cá só reconheço padrões de tecido ou moda, design… padrões humanos, ou pessoas que pertençam a um determinado padrão não existem, porque na verdade isso foi inventado por alguém que gosta de arrumar coisas em caixas e catalogá-las, arrumá-las numa prateleira, sentindo assim, que controla todo o mundo em seu redor.

Um ser humano é único, com singularidades que só a ele pertencem, constituído por células em constante reconstrução, e que só e apenas a ele, cabe transformar!

Como na Natureza, que nada se perde e em que tudo está em constante e inevitável transformação. Ninguém tem o poder de a controlar a não ser ela própria.

Tudo passa pela vontade, pelo querer, desejar, agir e logo transformar!

Por muito que tentem conter um rio, ele jamais se permitirá conter. A água que nele corre encontra sempre uma forma de contornar obstáculos.

Começa no ponto onde estás agora. Dá o primeiro passo, avança e descobre-te!

Maria Antonieta Campos

Olá! Sou a Maria Antonieta Campos, mãe de três, poetisa, produtora de conteúdos digitais. Em 2019 mudei-me com os meus filhos, para uma casa algures numa aldeia de Portugal. Desde então, passo muito tempo na cozinha, cozinhando e ouvindo música, despertando os meus sentidos para a vida doce e para o bem comer. Pacifista, amante da Natureza e de tudo aquilo que fazemos parte, encontro na vida do campo um modo slow de viver, aprendendo a ser autónoma e a ultrapassar a cada dia, as dificuldades que uma rapariga nascida e criada na cidade, naturalmente encontra ao chegar à aldeia. Livros e pão são a minha paixão, paz é o meu lema. O Contém Livros surgiu aqui, nesta casa em 2020 com uma etiqueta colada na testa, que ao fim e ao cabo, esta etiqueta, diz quase tudo sobre mim…

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