No cimo de uma colina
No cimo de uma colina, onde sopra o vento doce, existe uma casa pequenina, com uma lista de cor azul junto ao chão. De janelas e portas em madeira, esta casinha alberga dois, homem e mulher. Ao nascer do dia o vento trouxe um mensageiro, o mensageiro professou que no cimo do monte onde eu e tu vivemos, existirá uma ovelha e seu carneiro, dessa união nascerá um cordeiro, esse cordeiro virá só, cuidaremos dele e o acolheremos no nosso lar. A cerca em madeira, já fragilizada pelo tempo, delimita o espaço onde reina a felicidade. Ao soprar o vento sobre a relva alta, um sussurro alerta de que essa barreira não se deverá transpor, ao transpô-la quebraremos o laço que nos une no espaço. Ao ver-te desejo ali permanecer, mas o vento canta, trazendo com ele a visão do que deixamos para trás. O amor não prende, desprende o que entende por lição ao render-me a ti. Com um sopro invejado pela sorte, a minha mão desprende-se da tua.
A flutuação leva-me ao lugar estranho em que habito, abrigo do corpo, que me prende como gravidade pendente ao espaço cheio de gente. Estranha sou, permanecendo inerente ao que me prende no mundo da gente. Na colina acende a luz fluorescente do pirilampo que não tarda em se apagar. Quando chegar o inverno, se ainda tiveres vontade de me beijar, serei eu que com um beijo despertarei a luz que existe ti. No cimo da colina onde o céu está mais perto da terra, talvez nos deixaremos levar pelo caminho da verdade. De espirito livre, aproximar-nos-emos daquele que nos ama. Com amor nos devolverá a liberdade.
Maria