Viver Sazonal
Recentemente, voltei a viver de forma sazonal. E sabem que mais? Estou a adorar! Já não me lembrava de como me fazia sentir bem, de como viver de acordo com as características da Natureza nos desperta o lado do ser humano mais tranquilo e com a sensação de que estamos a fazer algo certo. É claro que vai levar o seu tempo, para que se possa estender a tudo o que faço, não só a roupa que se veste, os livros que lemos, o que bebemos, mas é toda uma forma de viver que nos envolve em harmonia com o momento em que estamos, com mundo em que vivemos.
Não sei o que me aconteceu em todos estes anos, em que me desaprendi do natural, vivi de forma acelerada, sem prestar atenção ao mundo que me rodeava. Estava desajustada, ainda estou, mas pouco a pouco, a ajustar-me.
Ao meu redor os alertas chegavam, mas estava ocupada a viver hipnoticamente uma vida em modo TGV, em que parar e prestar atenção era desnecessário, pois por certo, sabotaria o conquistado até então. Tudo isto feito de forma inconsciente, estando convencida de que era uma pessoa muito atenta a tudo, muito calma e consciente da beleza do todo. Estava ofuscada com um sol plastificado, e, sem clareza de consciência avancei rumo ao vazio. Entretanto, parei e comecei a observar-me. Mas por certo que leva o seu tempo, é algo que ainda está a acontecer.
Bom, o agora é que importa, de outra forma, não seria viver sazonalmente.
Dei um passo, comecei pelos livros. Para mim foi o mais fácil, pois é neles que vivo focada, então foi mesmo por aí que comecei.
Desde este outono que me tenho focado mais nas características da estação, a adaptar no meu dia-a-dia, sabores e saberes típicos da época.
O livro Dramatic Murder de Elizabeth Anthony é a minha leitura actual, a minha “currently reading” termo que se tem usado muito no Instagram.
É uma história tão divertida, passa-se num castelo durante a época natalícia, Dimpsie convida os seus amigos do teatro para passarem esta quadra festiva no seu castelo, onde pretende entrete-los com jogos divertidos e ser entretido com conversas interessantes e personagens caricatas e bonitas, acontece que quando Katherine e Doctor Harley chegam atrasados para a primeira brincadeira festiva, um jogo de escondidas que estava a acontecer na floresta em volta do castelo, deparam-se com um castelo escuro, vazio e solitário. Sem saberem onde se encontravam os restantes convidados, entram numa sala onde está uma árvore de natal, com a decoração ainda por terminar, com as luzes por acender. Enquanto Katherine e Harley se questionam onde estavam todos e o porquê daquela espera, uma vez que teriam sido eles os últimos a chegar, Katherine, enquanto observa com mais atenção a árvore de natal, assusta-se ao ver Dimpsie:
- “Dimpse! You devil! Come out at once! You scared the wits out of me!”
Acontece, que depois de um closer look do Doctor Harley, verifica-se que o poor Dimpse, estava morto. Supostamente tinha sido electrocutado ao tentar substituir uma lâmpada do circuito. Será que foi um acidente? O que terá acontecido ao falecido Dimpsie?
E, é neste ambiente, que me tenho envolvido sempre que posso ao longo do meu dia. Ultimamente, só tenho conseguido à noite quando vou para a cama, mas estou a gostar tanto de regressar aos livros de suspense e investigação, os meus preferidos de outrora.
Já me ando a munir de mais do mesmo para o inverno, tenho adquirido alguns livros fantásticos do tipo Golden Age crime fiction e outros apropriados para o frio que se aproxima.
Partilho aqui uma lista com algumas sugestões que decidi adquirir para esta época de Outono/Inverno:
A Montanha Mágica de Thomas Mann
Reunion de Fred Uhlman
Nature Tales for Winter Nights Edited by Nancy Campbell
Dramatic Murder de Elizabeth Anthony
The Glovemaker de Ann Weisgarber
Dinner With Edward de Isabel Vincent
Wintering de Katherine May
The Captain of The Pole-Star de Arthur Conan Doyle
E assim, mudo o que leio, mudo tudo à minha volta. Sem dúvida que vivo os dias de forma bem mais interessante e feliz, a leitura é um ponto central do meu dia, da minha existência, diria até que a literatura constrói o meu ser. Sem ela o que seria desta Maria?
Tenho de voltar a escrever, esse é um objectivo para os próximos tempos.
Por falar nisso, ando a namorar uma caneta de tinta permanente da Caren d’Ache 849 Metal Blue, nem sei à quanto tempo, ponho no carrinho, guardo para mais tarde, ponho novamente no carrinho, para logo a seguir, guardar para mais tarde, sou capaz de estar nisto por tempo indeterminado, até se verificar uma promoção daquelas que não dá para ignorar. Mas acho que me vou presentear neste natal, existe sempre alguém que oferece dinheiro, algo que não me agrada de todo, mas que por vezes é uma oportunidade para comprarmos algo que namoramos faz tempo…
Pergunto-me, se vocês que me estão a ler, se identificam com o pôr e tirar artigos do carrinho de compras :) Será que também fazem isso? Dá-me vontade de rir só de pensar, nós todos a fazermos o mesmo. Eu faço mais pela calada da noite, enquanto todos dormem, os meus artigos preferidos são os desnecessários, porque quanto aos restantes, refiro-me aos livros, nunca penso duas vezes.
E em relação às leituras sazonais, será que também escolhes livros a pensar na estação do ano?
Uma coisa que também nunca falha, é fazer pão, o pão nosso de cada dia nunca falta cá em casa, um dos meus melhores prazeres, fazer pão!
Ler, fazer pão, escrever, beber chá e nesta época do ano acrescento o chocolate quente, não há nada melhor.
Desejo a todos um belíssimo fim de Outono e um aconchegante Inverno, em boa companhia, boas leituras e degustações felizes :)
Um até breve, com alegria e Amor no coração.
Maria